Pensei em vários títulos para retratar o atual
momento vivido pelo Brasil: “Manifestação e sangue”, “Joio do Trigo”, “Problemas
tem Solução”, dentre outros.
O mais simbólico foi o que encabeça este
artigo. “Nunca na história deste país” vinte centavos representaram tanto.
Não há observador atento ou desatento que não
esteja com os olhos colados nos jornais e na televisão tentando entender o que
se passa com nosso país. Uns, defendendo com euforia o movimento. Outros perplexos.
Outros ainda com medo do que possa acontecer. Mas poucos, muito poucos, contra
esta manifestação que muda a história do Brasil.
Proponho já de antemão (fica registrada a ideia
como minha) que a casa da moeda lance a moeda de R$0,20 (vinte centavos)
comemorativa da mudança em curso. Só precisamos discutir quem vai estampa-la.
Mas como entender o atual movimento e discutir
sobre suas repercussões futuras. Está claro que a população está insatisfeita
com sua vida atual. Reclamam em todas as áreas seja transporte, educação, saúde
e infraestrutura. O fato é que, palavras ao vento não resolvem mais.
Temos que traçar um comparativo com os outros
países para entender o porquê da revolta.
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias
do mundo e um dos piores serviços públicos.
Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário (IBPT) mostra que dos trinta países com maior carga tributária o
Brasil é o último em prestação de serviços.
Os Estados Unidos, seguidos pela Austrália, Coréia
do Sul e do Japão, são os países que melhor fazem aplicação dos tributos
arrecadados, em termos de melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.
Este interessante estudo que pode ser
encontrado no link [1]abaixo
relacionou os trinta países com maiores cargas tributárias do mundo e comparou
com seu IDH[2].
O resultado é alarmante: O maior IDH de 0,937
fica com os Estados Unidos que tem uma carga tributária de 25,10% do Produto
Interno Bruto – PIB.
O pior IDH dentre os trinta países pesquisados
fica com o Brasil (0,730) que na contramão tem uma carga tributária de 36,02%
do PIB.
As manifestações começaram com os jovens, e o
movimento conquistou seus pais, irmãos e até avós e ganhou as ruas do país.
Ora, se os próprios pais não estão satisfeitos imaginem os filhos.
Os problemas começam quando vão para a escola
ou para o trabalho. O sistema de transporte público é abaixo da crítica. A
Saúde não funciona. A segurança não protege e a educação não prepara os jovens
para a acirrada competição global.
Munidos de seus “smart phones” a geração Y[3]
consegue uma comunicação instantânea e eficiente para mobilizar seus membros e
demonstra que nada será como antes.
Ao colocar milhares de pessoas nas ruas e
fechar importantes avenidas e rodovias, trazendo enormes transtornos a toda a
população, os manifestantes foram ouvidos e os políticos e o Governo começaram
a se mover.
Não vou nem comentar sobre o vandalismo que é o
lado ruim de tudo isso e deve ser duramente coibido pela polícia. Uma coisa é
certa: numa democracia existem os canais para a realização das mudanças, com
respeito à constituição e a Republica e este caminho é pela representação
popular e pelo voto.
Que venha a reforma política tão desejada e
conclamada pelos homens públicos sábios e sérios deste país. Que venha a
candidatura avulsa para libertar os novos líderes dos cadeados partidários em
mãos de verdadeiros guardiões que só permitem candidaturas que atender a
interesses nem sempre defensáveis.
(*) Economista
[2] Indice de Desenvolvimento
Humano - Desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês
Mahbubul Haq