terça-feira, 13 de setembro de 2016

13 de setembro de 1931
Naquele dia nascia Murilo Paulino Badaró, que hoje completaria 85 anos. Dia 13 é sinônimo de saudade, pois, como de costume, comemorávamos seu aniversário com D. Lucy e os irmãos. Depois inúmeros netos e bisnetos. Onde quer que ele esteja, tenho certeza, está em paz, ao ver sua amada esposa bem de saúde e seus filhos honrando seu nome.
Com D. Lucy
                O exercício da política encantava papai, até porque vinha de um berço de políticos altivos, honrados e respeitados. Seu pai, Badaró Jr. Foi Deputado Federal por Minas Gerais entre 1956 e 1963. Seu bisavô, Francisco Coelho Duarte Badaró comandou tropas legalistas na Revolução de 1842. Juiz de direito, foi Deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1891, Deputado Federal até 1893 e Embaixador do Brasil no Vaticano. Seu bisavô, José Bento Nogueira, foi influente político mineiro e Senador Estadual de 1895 a 1898.
                Sua grande alegria era servir ao povo de Minas e do Brasil com responsabilidade, inteligência, transparência e integridade. Seu trabalho frutificou e mudou a vida de muita gente! Era um homem sério, mas de trato agradável e amável. Deixou muitos amigos ao longo de sua jornada.
                Fazia política com “P” maiúsculo como neste momento acompanhado do seu companheiro Jairo Magalhães.
Com Deputado Jairo Magalhães
                Nos dias atribulados de hoje, sentimos falta de suas análises sobre o quadro político e suas palavras tranquilizadoras de um eterno otimista. Pelo que lemos nos jornais sobre as malversações com o dinheiro público, assalto aos cofres públicos à luz do dia, destruição de empresas estatais, falta de ética e corrupção desenfreada, realmente constatamos, que não há comparação entre Murilo Badaró e muitos políticos dos dias de hoje.
                Papai tinha seu lado artístico também. Nos idos de 1952 encantava a todos no Municipal, com sua poderosa voz de barítono sob o codinome de Ricardo Villas, nas peças La Traviata e Il Pagliaccio. Adorava fazer serenata em Diamantina, com seu companheiro Juscelino Kubitscheck. Tocava violão e arranhava o piano. Mas o forte mesmo era o som que entoava em sua avantajada caixa toráxica!
Com Murilo Filho
Um dia que me marcou muito, foi a ida a Boa Esperança no triste velório do Deputado Geraldo Freire seu adversário da UDN, seu amigo fraterno. Dentro da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores em Boa Esperança, em julho de 2002, vi pela primeira vez meu pai se emocionar. Chorou ao fazer o discurso derradeiro na despedida do nobre amigo. Depois, na viagem de volta, papai me contou: Henrique, esse foi um dos homens mais corretos que conheci em minha vida. Adversário político, mas de caráter inquestionável, leal, ético e verdadeiro.
                Viajar com papai era, além de uma aventura, uma aula a céu aberto. Ficava admirado de ver o quanto era querido, principalmente em Nanuque, cidade que tinha guardada no canto mais privilegiado de seu coração. Tive a honra de conhecer Geraldo Romano, um líder daquela cidade. Companheiro nas acirradas disputas políticas de Nanuque, tornou-se um dos melhores amigos de papai. Sem contar inúmeros outros como o Louzi e companhia, um membro da família! Boas lembranças também do Antonio Carlos Santos lima, vulgo “Toninho Prefeitura” e sua família, cuja amizade, passou de pai para filho.
                Foi em Nanuque que comi o melhor “filet” do mundo, costumava dizer, no restaurante da Braulina. Quando papai chegava, D. Braulina o recebia com um sorriso largo e dizia: “Dr. Murilo, seu filet já esta saindo”. Impossível não lembrar-se do pitu de D. Liu, servido num casebre na periferia, que posteriormente, virou um famoso restaurante.
                São muitas as lembranças de Nanuque, cidade que aprendi a gostar com papai e onde hoje tenho muitos amigos. Fico feliz de Nandes estar seguindo os passos do pai, desta forma, Nanuque estará em boas mãos, para que os Nanuquences continuem sendo essas pessoas maravilhosas, amigas, leais e companheiras para a vida toda!