Dia 22 de dezembro último vovô Badaró completaria seu
centésimo vigésimo quarto aniversário.
Senti uma grande necessidade,
embora tardia, de fazer-lhe uma singela homenagem.
Lembro-me bem da figura de vovô Badaró quando das visitas à
sua casa na Rua Antônio de Albuquerque, ao lado da graciosa e determinada esposa
Gelcira.
Papai sempre nos levava lá para visitá-lo, quando passava
horas num bate papo animado e muitas vezes, denso e tenso, em função das constantes
tratativas políticas.
Lembro-me como se fosse hoje quando chegávamos à casa da Rua
Antônio de Albuquerque quando, alegremente nos chamava para distribuir as recém
sacadas notas de 100, 10 e 5 cruzeiros, ainda “tilintando”. Gastava muitas, mas
ainda guardo algumas até hoje num estado de conservação incrível.
Não quero aqui ressaltar as qualidades políticas nem falar
do excepcional médico que era vovô, mas sim lembrar do ser humano, carinhoso e
atencioso com todos.
Papai me contava uma história que sempre repito nas rodas
animadas de bate-papo: O rádio da UND. Numas das acirradas eleições em Minas
Novas, um correligionário de Badaró Jr. Pediu ao então candidato ao cargo na
cidade, pelo PSD, um rádio para acompanhar a apuração do sufrágio. Já tarde da
noite, a contagem de votos corria solta, quando Badaró Jr. enxerga, à meia luz,
a figura do homem vindo apressado e ofegante em sua direção no “Solar dos
Badaró”. Espantado indagou: o que aconteceu homem? Que respondeu: Dr. Badaró
este rádio que o senhor me deu está com defeito! Como assim, indagou Badaró.
Esse rádio é da UDN, só fala em voto dos adversários! Quero um rádio do PSD.
Histórias como estas povoavam nossa infância trazendo
lembranças gostosas daquela época quando ainda não imaginávamos como seria a
vida no futuro.
Agradeço ao meu pai e ao meu avô por ter nos deixado
exemplos de dignidade e caráter com que enfrentamos os desafios dos atribulados
e difíceis dias de hoje, ainda mais num campo político minado pela falta de
ética e de compromisso com o povo!
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