Não foi por acaso que meu pai usou a imagem da locomotiva em sua campanha para o Governo de Minas em 1986. A imagem impressionantemente robusta, e maciça da “Maria Fumaça”, era o retrato de sua liderança, determinação, capacidade de trabalho e de ajudar a todos que tiveram a honra de solicitar seus préstimos.
Sempre me dizia no café da manhã: “meu filho, o sol nunca me pegou na cama”. Madrugador contumaz, antes de amanhecer já estava trabalhando pelos interesses de sua terra.
Com sua personalidade forte e marcante e seu olhar penetrante, espalhava simpatia e alegria entre todos que conviviam com ele. Dono de uma inteligência privilegiada e vasta cultura, irradiava conhecimento e foi um grande guardião da cultura e dos costumes de Minas Gerais.
Nascido na pequena Minas Novas, encravada no Vale do Jequitinhonha, no início da década de 30, teve a sorte de ter uma educação de qualidade, onde disciplina e rigidez eram aplicadas por “Tia Corina”, conhecida e conceituada educadora da região.
Sua sólida base educacional o preparou para trilhar uma brilhante carreira na vida pública. Ao eleger-se o mais novo deputado Estadual de Minas com apenas 27 anos, em 1958, adentrou a arena onde pode exercitar sua vocação (do lat. = vocatione = chamado), Murilo Badaró estava realmente atendendo um chamado de Deus para lutar por seu povo.
Após sucessivos mandatos estaduais, galgou o planalto central para defender Minas e sua região no Congresso Nacional. Exerceu mandato de Senador e teve atuação de destaque no Ministério da Indústria, Comércio e Turismo na gestão de João Baptista Figueiredo. Nesta época, teve a honra de inaugurar a Usiminas, que se arrastava por falta de verbas federais para a conclusão do projeto. Segundo me confidenciou, condicionou ao General Figueiredo, o aceite ao cargo à inauguração da Açominas, realizando duras negociações com Delfin Neto, o Czar da economia naquela época para a liberação dos recursos necessários.
Sentia prazer em viajar ao interior e sentar-se à mesa para um bate papo com os amigos, regado a um cafezinho forte e às gostosuras da culinária mineira.
Lembro-me de sua imensa dedicação às suas pesquisas, sempre ao lado de seu inseparável “note book”. Dali surgiram excelentes obras literárias e as biografias dos grandes homens de Minas, nos quais ele se espelhava, como Milton campos, José Maria Alkmin, Gustavo Capanema e Bilac Pinto. Com sua escrita leve e agradável, Badaró contava a todos em suas obras a História das Minas Gerais.
Contou-me que estava trabalhando num ensaio sobre Machado de Assis, que seria seu próximo projeto. Infelizmente não teremos o gostinho de saboreá-lo.
Nosso pai está entre nós e sua memória permanecerá viva em nossas vidas eternamente, como uma luz forte do alto de um farol que nos guia, seja qual for o tempo, sempre, com dignidade, a um porto seguro.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
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