quinta-feira, 21 de junho de 2007

SERVIÇO DE BORDO

(*) Henrique Badaró

“O turismo é o encontro de todas as competências“[1]. Com um desenvolvimento a passos largos, o turismo brasileiro, sob o comando do “entusiasmado”[2] Ministro Walfrido, vai mostrando sua cara. Com uma receita cambial mundial de US$514,4 bilhões[3], e no Brasil de US$3,3 bilhões[4], este segmento vai se firmando como grande gerador de negócios e emprego e renda. Mas não vamos nos ater às estatística e ir direto ao ponto chave: o maior desafio do administrador público hoje, em qualquer esfera da administração pública (federal, estadual e municipal), é a criação de postos de trabalho. O segmento do turismo é intensivo em emprego de mão-de-obra (não dá pra robô servir cafezinho!) e ao contrário do que parece num primeiro momento, é um setor muito sensível. O que faz o diferencial é o serviço. As questões de infra-estrutura e qualidade são básicas, sem as quais, o empreendimento não prosperará. Entretanto, um serviço mal executado ou um deslize do funcionário, vai espantar aqueles clientes para sempre. E, se aplicarmos aquela máxima do marketing de que: “um cliente satisfeito divulga para mais um e um insatisfeito divulga para mais nove”, constatamos que só com muito profissionalismo poderemos atingir metas audaciosas. O poder público deve dar todo o apoio ao segmento para a superação de obstáculos e dificuldades, (o Brasil participa com apenas 0,59% do fluxo mundial de turistas[5]) com programas de treinamento em todos as etapas da cadeia produtiva do turismo. Desde as aeromoças, passando pelo pessoal dos aeroportos, taxistas, funcionários de hotéis e a população em geral.

Uma das características positivas do turismo é a capacidade de empregar pessoas idosas, muitas vezes discriminadas em outras funções. Isto é muito bom, quando assistimos o aumento significativo destas pessoas precisando trabalhar, seja em função do aumento da expectativa de vida ou da própria crise de empregabilidade.

Um bom programa de turismo requer investimentos maciços. Não é o caso da política brasileira, quando o ministério do turismo tem que pilotar um orçamento reconhecidamente exíguo. Não resolve pois estamos competindo com nações onde o turismo é “estratégia nacional”. Temos que adotar uma política e divulgação agressiva nos quatro cantos do mundo. Uma idéia seria montar uma equipe de jovens treinados e motivados, com ferramentas de multimídia, para sair viajando o mundo pelas universidades, fazendo palestras sobre o Brasil, mostrando nossas lindas paisagens e atrações turísticas a um público jovem e certamente consumidor deste produto, se não imediatamente, mas num futuro próximo.

Outro ponto de fundamental importância é o aumento da segurança pública nos locais de atração turística. Os crimes cometidos contra turistas atuam como verdadeiros destruidores da imagem do país lá fora, afastando muitos turistas em potencial. Esta é uma definição de política estratégica de governo e a sociedade deve apoiar toda iniciativa neste sentido. Afinal de contas, em última instância, é o nosso dinheiro que estão investindo lá.

Existem muitas idéias e muitos projetos. Mas é preciso pô-los em prática, agir. Uma ação que é um bom exemplo disso, e caminha na direção de organização da classe, buscando profissionalismo, capacitação e movimentação do setor foi a inauguração da sede do BH Convention & Visitors Bureau, sob a batuta de sua eficiente presidente Érica Campos Drumond e com o apoio de todas as entidades e pessoas ligadas ao turismo, dentre elas o titular da pasta do Ministério do Turismo, a Secretaria de Turismo de Minas Gerais e o Vice-Prefeito Ronaldo Vasconcellos. Estive na inauguração em companhia do meu fraterno amigo André Simoni (Pantheon Engenharia) e na chegada aconteceu conosco um fato inusitado: subíamos no elevador com a dupla de garçons irmãos, Ernando e Ernane Campras, que carregavam em suas bandejas um suculento espumante. Qual não foi nossa surpresa, quando, contagiados pelo clima de alto astral que reinava, gentilmente, ofereceram nos uma taça num verdadeiro “serviço de bordo”. Sorvemos-la prazerosamente.

(*) Economista – MBA – University of Saint Thomas – Houston Texas - USA
[1] O autor
[2] Entusiasmo = palavra grega que quer dizer Deus dentro de você!
[3] Organização Mundial do turismo (OMT) - 2003
[4] idem
[5] idem

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